Viva !!! Foi lançado no dia 29/12/2009 o PTCO ( O Programa de Tratamento Cirúrgico da Obesidade ) pela Senhora Ministra da Saúde, minha Distinta Colega.
Claro que estou de acordo com todas as iniciativas que tenham como finalidade ajudar quem está doente e a Obesidade Mórbida é doença. Doença e das graves pelos problemas que lhe estão associados. A diabetes, os problemas respiratórios e cardíacos, os problemas ortopédicos, os problemas psicológicos e etc, enfim um sem números de problemas que reduzem em muito a esperança de vida destes doentes. Por isso deve ser tratada.
Contudo vejamos o que se passa com estes doentes; porque são muito ou muitíssimo obesos ?
De facto são assim porque comem mais ou muito mais do que necessitam para viver saudavelmente e com um peso certo. Como costumava dizer aos meus doentes obesos quando me dizem que não comem nada, «tudo o que está debaixo da pele entrou pela boca» e que se não comem nada e estão gordissimos teriam sido um fenómeno para a Ciência estudar se tivessem tido o azar de “cair” num campo de concentração Nazi. Teria sido um grande fenómeno todos a comer nada e um gordo no meio de milhares com a pele a segurar os fracos ossos.
Ora o tratamento destes doentes é Médico e Cirúrgico. Principal e Primeiramente Médico. De facto estes doentes devem ser estudados do ponto de vista metabólico para lhes ser prescrita uma terapêutica se necessária, hormonal por exemplo, devem ser sujeitos a uma reestruturação dos seus hábitos alimentares feita por Nutricionista e ainda ter auxilio Psiquiátrico. Seria mesmo de colocar a hipótese de internamento em Unidades Especiais Polidisciplinares criadas para estes doentes, onde seriam internados os casos mais graves.
Lembro-me de um doente que sofreu um acidente de que resultou uma fractura e que tinha de ser operado pala Ortopedia. Como pesava cerca de 250 Kg não havia possibilidade de ser operado. Não havia sequer marquesa de operações onde ele coubesse, nem mesmo aparelho de TAC humano onde pudesse ser estudado. Para fazer uma TAC teve de ser enviado aos Serviços Veterinários do Jardim Zoológico que tinha o aparelho de TAC para as suas “dimensões”. Como não estava em condições de se deslocar teve de ficar internado. Pois sabem o que aconteceu? Como estava acamado e não conseguia sair da cama ficou sujeito ao que a Nutricionista lhe dava para comer. Resultado: em 6 meses emagreceu 160 Kg e isto sem a ajuda de Exercícios Físicos, só com dieta adequada. Depois foi operado à sua fractura e teve alta.
Este exemplo é bem eloquente de que a causa primeira da Obesidade Mórbida é o comer demais e para a controlar há que fazer estes doentes comer menos mas em especial readaptar os seus hábitos alimentares ao seu metabolismo, ou seja serem tratados por equipas multidisciplinares incluindo Endócrinologista, Psiquiatra, Nutricionista, Psicólogo, etc. e se necessário com internamento. Só assim se obteriam resultados. É que não há o habito de internar estes doentes. Quanto mais não fosse para lhes mostrar que de facto quando são mesmoobrigados a comer menos … emagrecem.
Vejamos o que são os tão falados Tratamentos Cirúrgicos.
Temos aqui a considerar duas situações distintas, uma é para a Cirurgia Plástica outra é para a Cirurgia Geral.
As Cirurgias da Obesidade realizadas pela Cirurgia Plástica são cirurgias que apresentam riscos mínimos quando feitas com consciência e por Especialistas. Não são de maneira nenhuma cirurgias para emagrecer, são cirurgias de remodelação corporal. Podem ser realizadas através do SNS pois muito justamente não são consideradas, nestes casos, Cirurgias Estéticas.
São realizadas em duas situações:
- uma é a dos doentes depois de tratados da sua obesidade e que quando perdem dezenas de quilos ficam com “pele a mais“ e com um corpo que nada ajuda para a sua auto-estima tão necessária para a continuação dos novos hábitos alimentares e assim manter o resultado obtido.
-outra é a dos doentes que necessitam da “remoção” de pele e tecido adiposo localizado, que lhe comprometem os movimentos. São mais um complemento do tratamento médico como por exemplo a remoção de “aventais” de pele e tecido adiposo que se “penduram” da parede abdominal quase até aos joelhos que impossibilitam os movimentos e que causam nas pregas cutâneas infecções.
Outra ajuda possível da Cirurgia Plástica e Maxilo-Facial é a de realizarmos um “bloqueio intermaxilar” , igual ao que se usa para tratar conservadoramente uma fractura dos maxilares, e que impedindo a mastigação vai impedir que a pessoa coma tudo o que lhe apetece, quando a sua força de vontade falha,
O papel da Cirurgia Geral na Cirurgia da Obesidade é a realização de cirurgias que substituem a força de vontade dos doentes em seguir as indicações dos Médicos e Nutricionistas. Estas cirurgias já envolvem riscos de vida, que embora pequenos são de considerar, quando se trata de uma cirurgia que tem como única finalidade “substituir a colaboração voluntária do doente para comer menos”.
A cirurgia geral basicamente tem duas actuações possíveis:
- uma é a colocação de bandas gástricas que não são mais do que uma banda colocada à volta da “entrada” do estômago e que dificulta ou impossibilita o doente de comer determinados alimentos. O doente fica impossibilitado de comer tudo o que lhe apetece, só pode ingerir líquidos ou coisas trituradas ou muito bem mastigadas.
- outras são cirurgias de By-Pass em que se criam “passagens directas” de uma pequema parte do estômago para uma parte do intestino delgado que fica a cerca de 2 metros do estômago, ficando assim os alimentos em boa parte fora da acção dos sucos digestivos conseguindo assim que parte dos alimentos que a pessoa come não sejam digeridos e absorvidos. A maior parte do estômago e cerca de 2 metros do intestino que sai do estômago ficam fora do trajecto dos alimentos. Os alimentos que a pessoa come passam em grande parte, por assim dizer, da boca para a sanita quase directamente. A pessoa come muito na mesma mas … grande parte do que come só vai servir para aumentar com alimentos as Aguas Residuais, vulgar esgoto, que correm para as ETARes. Para compensar os problemas nutricionais que esta cirurgia provoca o doente sujeito a ela tem de tomar suplementos vitaminicos, minerais, etc. diários.
Analisemos agora o que se obtém com estes procedimentos.
O resultado que se obtém com a banda gástrica é de facto semelhante ao que se conseguiria com um simples “bloqueio intermaxiar”. A única diferença é que o bloqueio intermaxilar está ali mesmo à mão do doente para que este com uma simples tesoura o tire e coma tudo o que lhe der na gana, enquanto a banda gástrica está dentro do abdómen, não acessível para o doente a tirar, e assim, mesmo que a sua força de vontade não lhe refreie os ímpetos de comer a banda gástrica não o deixa comer. Como podem constatar a finalidade dos dois métodos é substituir-se à força de vontade do doente obrigando-o a comer menos.
A diferença destes dois processos é que o bloqueio intermaxilar poder ser feito numa sala de Pequena Cirurgia ou num Consultório numa cadeira de dentista ou numa qualquer maca com anestesia local, sem mais riscos de vida que uma vulgar extracção dentaria, em cerca de 30 minutos e com um custo de material de poucas dezenas de euros. A Colocação de banda gástrica, para alem dos riscos de vida inerentes a esta cirurgia, implica um Bloco Operatório com material apropriado para Cirurgia Laparoscópica e outro material incluindo as próprias Bandas Gástricas que representam no conjunto um custo de milhares de euros.
Com a cirurgia de By-Pass as dificuldades os custos e as necessidades em aparelhagem são semelhantes às da Banda Gástrica, tendo contudo uma morbilidade imediata e a longo prazo eventualmente maior que esta pois o que se faz é criar uma drástica modificação de um tubo digestivo normal para o tornar “incompetente” para digerir e absorver todos os alimentos que ingerimos e por isso termos de manter toda a vida uma medicação para remediar em parte os “estragos” feitos cirurgicamente para manter um peso razoável continuando a comer demais.
Há ainda uma velha técnica de fazer as pessoas comer menos. É encher-lhes o estômago com qualquer coisa, um balão gastrico por exemplo, para ficar pouco espaço para "enfardar". Esta é uma técnica antiga, muito anterior à tão falada banda gástrica. O dito balão pode ser colocado ou tirado com facilidade pela boca, por um Gastroenterologista, portanto sem cirurgia. É nem mais nem menos uma coisa bem velha mas que está agora a ser anunciado como se fosse a ultima palavra, por uma tal Corporacion ...
Eu por mim costumo incentivar as pessoas obesas a comer menos e melhor para perder peso dizendo-lhes que se perderem peso têm como bónus uma bela viagem ao Estrangeiro … é que os Euros que poupam na comida que comem a mais paga-lhes essa viagem. Não é na comida que gastamos grande parte dos nossos Euros? ... Será que as pessoas que têm uma cirurgia de By-Pass para emagrecer já tomaram consciência de que a vantagem que tiveram com isso foi poder gastar dinheiro em comida para a atiras para a sanita. Será isso um desperdício menor do que o que faziam os Romanos nos seus Banquetes / Bacanais onde tinham os "vomitórios" para vomitar quando estavam cheios e poder voltar a comer mais ?
Já agora e para terminar sabem que há bastantes pessoas que depois a ter a Banda Gástrica aprendem e ensinam outras “Companheiras de Banda Gástrica” a “dar a volta” à banda passando a comer coisas liquidas hipercalóricas tais como chocolate, natas etc. para saciar assim as suas “fomes“ e continuar gordas ? … Pois é verdade e foi-me contado por uma doente com Banda Gástrica que ficou revoltada ao ouvir estas conversas entre “Colegas da Banda Gástrica”, na sala de espera do Hospital, nas consultas destas cirurgias. E aquela senhora que a quem foi colocada um balão gástrico como preparação para a banda gástrica e que em pouco tempo, com o balão posto, engordou 5 Kg ... é que como não conseguia comer muito "mamava" uma lata se Ovomaltine por dia pois isso la ia "escorregando" e saciando a sua vontade de comer.
Proponho agora que quem ler estas linhas pense sobre o assunto e julgue o que seria mais útil.
Sites úteis: http://www.adexo.pt/